quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Margarida Saraiva - Comentário à Palestra de Fernando Hernandez

TRANSGREDIR, TRANSGREDIR, TRANSGREDIR….
Comentário à Palestra de Fernando Hernandez por Margarida Saraiva

”É preciso transgredir!”. Eis a principal mensagem da palestra de Fernando Hernandez!


Foi exactamente em tom de transgressão que se iniciou a palestra. ”Fala-se muito em MEDIAÇÃO, mas eu tenho muitas dúvidas sobre o termo e dúvidas que me inquietam!”, disse o orador.

 “A arte expressa relações e não essências!”. O trabalho do educador, e não do mediador, é  “permitir que relações  tenham lugar, é permitir que se criem relações com a obra, trata-se de um processo relacional”.
O educador tem de ser um “criador de circunstâncias” e CRIAR ENCONTROS. Entenda-se que todo o verdadeiro ENCONTRO É TRANSFORMADOR. Se não for transformador não terá sido um encontro. Mais, o significado do encontro poderá evidenciar-se muito tempo depois deste se ter realizado.

”Ir a um encontro é aprender algo de mim”, afirma Fernando Hernandez.


Torna-se então necessário repensar todo o sistema de relações que se estabelece no contexto do Museu.  ”O educador não pode proceder de forma fragmentada, linear ou descontextualizada”. É preciso um certo activismo social, gerar actividades impensáveis, criar mudança, surpreender, estabelecer ligações... É necessário ajudar a lançar constantemente questão: Que tem esta obra que ver comigo?


Fernando Hernandez entende o museu como espaço performativo, no qual a educação surge indissoluvelmente ligada à construção de identidade pessoal. ”O trabalho pedagógico é criador de identidade. Você é um criador!”, exclama.


Fernando Hernandez, na esteira de outros educadores, defende as vantagens da adopção de “projectos de trabalho”, por considerar que favorecem:

- o desejo de aprender
- o diálogo
- a problematização e o questionamento
-  a meta reflexão
- a construção de relações e associações
- documentar (como processo de investigação) e narrar

Já na fase de debate merece destaque, na minha opinião, a intervenção de Samuel Guimarães, questionando a actual tendência para se valorizar quase exclusivamente o trabalho com comunidades, em detrimento do trabalho com escolas.


Fernando Hernandez respondeu dizendo ”As comunidades são como um fantasma. Ninguém sabe bem o que elas são”. ”A Escola conserva potencial transformador e é preciso depositarmos nela a nossa confiança”, acrescentou.


Veio-me à memoria uma obra que está em exposição no Museu de Serralves ”The dedicated followes of fashion!” de Eduardo Batarda, que faz alusão a uma música com o mesmo titulo.


Aqui fica o link:

http://www.youtube.com<http://www.youtube.com/watch?v=xXpkt6revK0>/watch?v=
xXpkt6revK0<http://www.youtube.com/watch?v=xXpkt6revK0>

Numa óptica Deleuziana ”l’art c’est ce qui résiste, c’est ce qui résiste et c’est être non pas la seule chose qui résiste, mais c’est ce qui resiste...”. Fernando Hernandez defende que é possível educar artisticamente.  É nesse sentido que me é particularmente querido o ENCONTRO que hoje estabeleci com Fernando Hernandez.
Subscrevo que é preciso TRANSGREDIR, TRANSGREDIR, TRANSGREDIR….

Agradecimentos

Agradeço ao professor Fernando Hernandez pela fantástica palestra e pelas horas de debate.

Agradeço também à Raquel Arada o convite para comentar estas palestras e organização da conferência.


Margarida Saraiva

2 comentários:

  1. Infelizmente não pude estar presente...
    Gosto das ideias aqui apresentadas!
    Comentário muito esclarecedor.

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  2. ”The dedicated followes of fashion!” Ahahahaha

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