quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Diana Ramalho - Comentário Workshop Sofia Neuparth e Graça Passos 1ºDia

Comentário Workshop Sofia Neuparth e Graça Passos (1ºDia)

O workshop da Sofia Neuparth e da Graça Passos começou com a apresentação de um conjunto de imagens (fotografias de interação com o público e com o espaço). Em silêncio os participantes foram convidados a observar estas atmosferas.
Foi pedido para subirem ao palco e para caminharem pelo espaço, conversar com as pessoas que iam encontrando ao longo deste percurso. Houve quem decide-se, como eu, permanecer apenas como mero espectador da acção que decorria no palco, foi como se estivéssemos a assistir a um espectáculo/performance. Este momento fez com que fossem quebradas uma serie de barreiras, de repente deixa de existir público somos todos participantes de algo, existindo uma intimidade de que outra forma não teria acontecido.
Em termos visuais, era notório o aglomerado de pessoas no palco, pois estas acabavam sempre por circular pelos mesmos locais. Parecia ser mais confortável, mais fácil caminhar com os outros do que percorrer alguns espaços mais vazios, o melhor era seguir a maré.
De seguida, a Sofia Neuparth envolveu os participantes numa dinâmica em que estes tiveram que funcionar como um só. Era necessário estar com completa atenção aos outros, pois assim que um começasse a andar todos o teriam que fazer e assim que um parasse todos teriam que parar.
Foi dado aos participantes uma folha e um lápis e foi pedido para fazerem pares. Pelo espaço, dois a dois tiveram que caminhar ao mesmo tempo e parar em simultâneo. Sem dúvida, que este momento mexeu com os constrangimentos e desconfortos de termos que, de repente, estar em sintonia com uma pessoa que não conhecemos e que provavelmente nunca tínhamos visto. O que conversar nestas circunstâncias? O que dizer a uma pessoa que é uma desconhecida?
 Depois, ao pararem tinham que observar o que estava à sua volta e escrever na folha, algo simples e curto, relacionado com o que viam, ouviam, sentiam ou percepcionavam. Esta folha era depois trocada com o seu par, cada um lia o que o outro tinha escrito e caso um já estivesse a caminhar esta leitura teria que ser feita em movimento. De repente, deixamos apenas de caminhar com um pessoa que não conhecemos e estamos também a partilhar ideias e sensações.
Outro momento marcante deste encontro foi, sem dúvida, quando a Sofia pediu ao grupo para cozinharem uma “sopa”. Quais os ingredientes desta sopa? Como fazer? Como se começar? Por onde se começar?
Momento de desconforto, pois não existe uma forma fixa de estar, o corpo deve estar sempre passível a trocar de lugar, a não se deixar estar confortável. Até porque não existe um porquê comum a todos, cada um de nós tem o seu caminho.
A Sofia deixou-nos algo para pensar relacionado com o conceito de deformação. Como é possível existir um encontro sem existir uma deformação? E quão pronto estamos para essa deformação?
E foi assim o primeiro dia, um início de conferência que brincou com constrangimentos e desconfortos.

Por Diana Ramalho

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