quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Ana Leitão - Comentário do debate com John Falk e Maria Vlachou


Debate com John Falk e Maria Vlachou 



“A ponte é uma passagem


p’rá outra margem (bis)


um desafio, pairando sobre o rio...”


(Jafumega, in “Ribeira”)



E vem isto a propósito de a metáfora da ponte, para representar a relação do museu com o(s) seu(s) público(s) ter sido, de muitas e variadas formas, dissecada quase até à exaustão.


Bastante consensual (creio) nessa abordagem foi a verificação de que numa ponte “as fundações são muito importantes em ambas as margens mas passamos muito tempo e com muitos experts a planear a fundação do lado institucional mas quase  nenhum tempo e com muito menos recursos o fazemos do outro lado - do visitante” (Falk).


Stela Barbieri desdramatizou esta metáfora com uma frescura muito própria centrando a questão existencialmente nas pessoas (dos potenciais visitantes aos mediadores). E na sua voz melodiosa, interpelou John Falk: “Se eu  quiser dançar consigo tento adaptar-me, se quiser abraçá-lo, também”. Adorei, confesso. Talvez por estar constipada e não estar dada a grandes voos.


Pontos tão ou mais importantes? Claro que os houve, mas ou me arrisco a fazer um comentário como o de ontem em que deixo todos de língua de fora com o esforço de não preterir uns em detrimento de outros, ou terão que se contentar hoje com isto. 



“… A ponte é uma miragem.” ?


A ponte ideal talvez, mas há laços, em construção permanente, nos nossos trabalhos com e como públicos, lembrou Susana Gomes da Silva, que sugeriu a existência de uma outra ponte a construir, interna, nas equipas dos próprios museus.


Falk, que introduziu a dita metáfora, não obstante uma resposta menos feliz a uma intervenção que sonhava com a mudança do mundo -“essa é a sua agenda, não a do visitante”- , apresentou várias sugestões simples e perfeitamente exequíveis para mediadores ( e sem gastos em tempo de crise):


. “podemos perguntar aos visitantes:


 - tenho estes tópicos para tratar, quais vos interessam mais? - ou - estava a pensar em 2 ou 3 abordagens, qual preferem?”



Vêem como a minha expectativa de escrever pouco se está a gorar? É que, lembrei-me ainda, falou-se imenso de motivações, dos visitantes, dos não visitantes e de como estas podiam ser categorizadas para se chegar a uma melhor compreensão dos mesmos. E de que, não sendo essa a função intrínseca dos museus (atender às expectativas  e necessidades das pessoas) , dificilmente estes sobreviverão se não as tiverem em conta. 



Termino: não sei bem porquê mas associo o espaço de debate de ontem à contemplação e este à acção (mas já os beneditinos suplantavam as dicotomias com o “Ora et labora”). Eu preferi a contemplação de ontem mas já que hoje senti mais a acção, vamos a isto: que tal ouvir agora a música?





Ana Leitão

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